Quando pensamos em elevadores, geralmente associamos à praticidade, conforto e agilidade no dia a dia. Mas por trás de cada trajeto entre andares, existe um sistema complexo e robusto de segurança — e o freio de segurança é um dos componentes mais críticos desse sistema. É ele quem garante que, mesmo em situações extremas, o elevador não se torne uma ameaça.
O freio de segurança é um dispositivo mecânico projetado para interromper a movimentação da cabine em caso de falha grave no sistema de tração — como o rompimento dos cabos ou excesso de velocidade em descida. Ele age como um verdadeiro herói invisível: entra em ação apenas quando tudo mais falha.
Esse freio atua diretamente sobre os trilhos-guia, travando a cabine por meio de cunhas ou tenazes. Existem dois principais tipos:
- Freio instantâneo: utilizado em elevadores com velocidade de até 45 m/min, realiza uma parada abrupta e imediata;
- Freio progressivo: comum em elevadores de maior velocidade, proporciona uma desaceleração gradual, garantindo mais conforto e controle no momento da parada de emergência.
Mas o freio de segurança não atua sozinho. Ele é acionado por outro dispositivo: o limitador de velocidade, instalado na casa de máquinas ou dentro da caixa de corrida. Esse limitador monitora constantemente a velocidade da cabine e, ao detectar uma anomalia, aciona mecanicamente o freio de segurança, sem depender de circuitos elétricos.
Ou seja, mesmo em um cenário de falha elétrica total, o freio continua operante. E isso o torna o último recurso de proteção contra quedas livres — um componente que literalmente salva vidas.
Uma analogia simples: imagine que você vai pegar estrada com sua família, mas o mecânico alerta que o freio do carro está comprometido. Você ignoraria essa informação? Provavelmente não. Com o elevador, o raciocínio deve ser o mesmo. Ele transporta dezenas de pessoas todos os dias e, por isso, precisa de testes periódicos e simulações práticas, que confirmem a integridade do sistema de freio.
Nas minhas inspeções técnicas, não é raro encontrar freios de segurança desregulados, com peças desgastadas ou sujas. Em muitos casos, o freio sequer atuaria adequadamente em uma emergência.
A vistoria técnica independente é fundamental. Ela funciona como uma auditoria técnica imparcial, que valida se o freio está ou não apto a cumprir seu papel.
O freio de segurança pode parecer uma peça “escondida”, mas é ele quem entra em cena quando tudo mais falha. Por isso, é considerado o coração da segurança no elevador.
Se você é síndico, zelador ou gestor predial, pergunte-se:
Quando foi a última vez que o freio de segurança do seu elevador foi realmente testado?
No próximo artigo, vamos aprofundar a atuação em conjunto do freio e limitador de velocidade, e como detectar sinais de falha mesmo sem desmontar o equipamento.